nuevos diseñadores argentinos
impressões de uma viagem em busca do design argentino
Viajar é muito bom, faz você entrar em contato com outras pessoas, conhecer outras culturas, viver novos lugares e ver objetos e coisas diferentes. Talvez eu aproveite tanto as viagens porque eu gosto do encontro e acredito na troca, talvez seja apenas porque eu sou uma curiosa nata.
Minha última viagem foi para Buenos Aires. Fui estudar o design argentino e coletar o maior número de informações possíveis sobre seus designers (diseñadores), sua produção e seus produtos.
A viagem começou antes mesmo do embarque no avião. A pesquisa na internet me apresentou esta nova realidade e foi possível perceber, mesmo virtualmente, que a cultura do design já havia se instalado no nosso país vizinho. Sei que a história do design não pode prescindir da relação com o contexto industrial, tecnológico e econômico, e este primeiro contato com o design portenho deixou explícito que a Argentina não é mais um país espelho de uma Europa civilizada e política, mas sim um produtor de objetos que valorizam a cultura e os recursos naturais locais.
Ver tudo de perto foi uma experiência única e poder trazer um pouco desta experiência para o Vale do Aço é uma honra e um grande prazer.
Andar por Palermo Viejo é um privilégio. As ruas são planas, arborizadas, repletas de bares e restaurantes, livrarias, galerias de arte e lojas de design. Foi nesta região que eu encontrei o maior número de preciosidades. A começar pela Fabro, localizada na Calle Nicaragua 4677. Trata-se de um grande galpão que abriga uma seleção correta e completa de objetos realizados pelos novos designers argentinos.
Neste bairro, encontramos com Nicolás da Sopa de Príncipe, marido de Verónica Longoni, a designer responsável pelos desenhos dos bonecos, monstros, animais e acessórios comercializados na pequena loja. Seus personagens são sempre originais, afetivos e feitos com material de qualidade. É um design gentil que faz a vaca, o porco, a ovelha e o monstro terem um lugar de destaque como o dado comercialmente ao urso de pelúcia, às princesas e aos príncipes. A costura começa na máquina, mas termina sempre nas mãos de bordadeiras que dão caráter e atributos personalizados às peças, tornando-as únicas. Meu boneco favorito é o Armamonstro, ou seja, um boneco composto de várias partes que se unem por meio de botões. Cada arranjo o transforma em um monstro diferente, em uma peça singular que altera com o gosto do dono. A loja fica na Calle Thames 1719.
Os cheiros e aromas da Sabater Hermanos (Calle Gurruchaga 1821) são inimagináveis.. É para se deixar ofuscar com as cores fortes dos sabonetes em barra, de se perder nas diferentes texturas dos sabonetes granulados, se divertir com os sabonetes enamorados e imaginar banhos de banheira com os sabonetes em pétalas.
A Papelera Palermo (Calle Honduras 4945) é um espaço dedicado integralmente ao papel e às suas infinitas variações e alternativas. São oferecidos produtos diferentes e diversas oficinas e cursos tendo como foco este material.
Nesta região ainda temos as lojas Coucou (Calle Thames 1437) Materia Urbana (Calle Gorriti 4791), a Tienda Palácio (Calle Honduras 5272), a Calma, Chicha! (Calle Honduras 4909) só para citar mais referências.
Encontrar com os designers em suas oficinas próprias também foi uma experiência maravilhosa.
A conversa com Gonzalo do Laboratori foi maravilhosa. Sua oficina fica afastada do centro turístico, o que nos faz adentrar numa Buenos Aires viva e real, com argentinos a comprar empanadas na volta para casa depois de um dia de trabalho. Debater sobre o novo design argentino foi ter a certeza de que este é feito com consciência e consistência. Seus brinquedos - robôs, família tipo, átomo e triângulo – são peças engenhosas, feitas com uma qualidade extrema e com o entendimento do material usado - a madeira - e suas propriedades e características.
Fora do eixo central também foi meu encontro com Carolina Leal, moradora de um apartamento de um quarto que descortina toda a cidade de Buenos Aires. Entre aulas, desenhos, poemas, ela faz “crochê de estilo livre”, ou seja, transforma a linha em objetos raros e únicos, trazendo criatividade e suavidade para espinhos e cactus.
O trabalho da Carolina me lembra as peças desenvolvidas por Maria Boggiano , designer de acessórios argentina. Ela usa em suas peças o feltro e amplia as possibilidades deste material trabalhando-o de forma simples (o circulo é o elemento básico de todas as composições) com movimento, acumulação e superposição.
As pessoas e propostas com as quais tive contato podem ser chamadas de “operadores culturais”, termo do designer italiano Ettore Sottsass usado para definir pessoas comprometidas com a realidade em que atuam, capazes de analisar o momento e instigar, questionar e legitimar o modo de vida contemporâneo.
A resposta é sempre a de um design operativo e inventivo, técnico, integrador, utópico e experimental, que considera os aspectos econômicos, ambientais, sociais, culturais e éticos do produto, e do sistema em que ele está inserido, promovendo a melhoria da qualidade de vida. De tudo fica a certeza de que os objetos são mesmo exemplos de mundo, mediadores da ação do homem, capazes de modificar e recriar continuamente o nosso social e cultural.
O resultado destes encontros poderá ser visto na mostra de nuevos desiñadores argentinos que ocorrerá a partir do dia 14 de fevereiro na nossa BANCA DE DESIGN.
Convido a todos a partilhar comigo desta viagem.
Para maiores informações:
http://www.fabrolab.com/
http://www.sopadeprincipe.com.ar/
http://www.shnos.com.ar/
http://www.papelerapalermo.com.ar/
http://micoucou.blogspot.com/
http://www.materiaurbana.com/
http://www.tiendapalacio.com.ar/
http://www.calmachicha.com/
http://www.laboratori.com.ar/
http://unapuna.blogspot.com/
http://www.mariaboggiano.com.ar/